segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Os livros de meu Avô

Por Marcio Ortiz Meinberg

Nas estantes da casa de meus avós podiam se encontrar de tudo: livros de engenharia, história, gramática, romances policiais, sociologia, economia, filosofia, política, temas de atualidades (atuais na época que foram comprados...), guias de turismo, auto-ajuda, clássicos da literatura Brasileira e portuguesa, agricultura, biologia, genealogia de nossa família, enciclopédia, dicionários (em várias línguas) e até mesmo uma bíblia.

Havia uma estante em que ficavam os volumes mais bonitos, livros de capa dura, encadernados em cores escuras com letras douradas. Na outra estante ficavam os livros de capa flexível, cada uma com sua cor, totalmente desarrumados e misturados entre cores e temas diferentes. Essa estante confusa sempre foi a minha favorita.

Antes mesmo de saber ler, eu cultivava o hábito de piorar a bagunça daquela estante, pois acreditava que a velha casa de meus avós guardava um tesouro escondido e que o mapa provavelmente estaria atrás de alguma tábua solta entre os livros.

Minha mãe sempre me contou histórias da época da Ditadura, quando meu avô corajosamente escondia comunistas e perseguidos políticos e os auxiliava na fuga. Minha mãe contou a história das ameaças que a família recebeu do facínora Cel. Erasmo Dias, que nunca perdoara meu avô por ter denunciado as violências da invasão da PUC-SP pelas tropas da repressão. A história que mais me fascinou foi a do pequeno livrinho vermelho que meu avô trouxe da China e que escondia cada vez em um cômodo da casa. Sempre tive vontade de encontrar aquele livrinho!

Quando fiquei mais velho, comecei a saquear os livros de meu avô. Primeiro tomei emprestados alguns volumes da Barsa, depois peguei todos os volumes do dicionários inglês-português e português-inglês, li a maioria dos romances até que um dia comecei a ler sociologia. Visitando a estante bagunçada, encontrei alguns livros que ficavam mais ao fundo, bem fora da vista, quase que escondidos (ou escondidos mesmo, por que não?). Pedi permissão a meu avô para levar aqueles livros e ele autorizou, desde que não levasse os mais pesados: de Marx e Gregório Bezerra (ele citou ambos expressamente). Tudo bem, levei os de Engels!

Alguns meses mais tarde, após terminar Engels, tomei coragem e peguei também os de Marx e Bezerra. Levei até mesmo O Capital! Foi mais ou menos nessa época que perguntei a meu avô sobre o pequeno e legendário livrinho vermelho. Ele me contou que se tratava do Livro Vermelho de Mao Tse Tung, em versão espanhola, que ele trouxera da China após uma viagem. Quando perguntei onde estava, ele me disse que dera de presente para algum comunista em fuga.

Se algum dia alguém quiser procurar o responsável por minha formação teórica e por minhas convicções políticas-ideológicas, o culpado certamente é meu avô.

Na semana seguinte à morte de meu avô, comparecemos à sua casa para um almoço de família com minha avó. Observando a estante, minha avó me autorizou a pegar todos os livros que me interessassem. Na ocasião, não havia sobrado muita coisa que me interessava, afinal, tinha passado a vida pegando livros daquelas estantes. Mesmo assim, aproveitei para adquirir livros de Malinowsky e Levi-Strauss (que na época sequer saberia dizer qual a área de estudo deles) e um velho volume de Rousseau que eu tinha esquecido de saques anteriores.

Enquanto tirava o pó daqueles livros recém-adquiridos, notei bem na frente, que jazia em cima da uma pilha um pequeno livrinho vermelho. Curioso, peguei para ver sobre o que era (não era muito comum encontrar livros novos naquela estante tão explorada). Qual não foi minha surpresa que o título daquele livrinho vermelho era “Las Citas del Presidente Mao Tse-Tung”.

Após a morte de meu avô, eu finalmente encontrei o pequeno e legendário livrinho vermelho que ele escondia cada vez em um cômodo diferente.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Dois anos sem Horácio Ortiz

Hoje, dia 18 de agosto de 2009 completa-se o segundo ano desde a morte de Horácio Ortiz.

Está em andamento no Gabinete do Vereador Goulart uma proposta de homenagem através da nomeação de um espaço público com o nome de Horácio Ortiz (conforme e-mail do Alan Helú publicado no dia blog dia 17).

Dona Léa recebeu ontem um telefonema do Gabinete do Vereador Goulart informando que a proposta continua em andamento, mas que avaliaram que a pequena praça não seria o melhor lugar para a homenagem. Estão procurando algum outro espaço público a nominação.

CURIOSIDADE: Veja na Página de Internet da Câmara dos Deputados algumas das proposições de Horácio Ortiz como Deputado Federal.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

E-mail do Alan

From: alan.helu@...
To: fabiomeinberg@...
Subject: RE: AUSTRALIAN NEWS
Date: Mon, 13 Apr 2009 10:06:01 -0300

Outra notícia mto importante!!!!

Como todos devem lembrar… entre as ruas taja e tviot na esquina da Av. Antonio Joaquim de Moura Andrade tem uma praçinha nao mto grande… nem mto bem tratada mas que tem lá o seu charme…

Enfim… quem passa por lá sabe que o local se tornou uma moradia para semtetos… e ultimamente alguns marginais andaram se misturando à esses moradores de rua para buscar mais informações para assaltatrem casas da região.

A família Helú à muito tempo vem lutando para tornar aquela praça um local de lazer para os moradores da região. Eis que Hulk resolveu entrar firme na luta para expulsar os marginais da praça e colocar uma cerca com um portão além de realizar um projeto de paisagismo no local.

A primeira grande tacada foi o contato com o Vereador Goulart. Juntos Hulk e Goulart já tiveram grande avanço nessa questão o que pode ser visto num ato inicial para “privatizar” a praça.

Para que os devidos reparos possam ser feitos, a praça deve ser batizada. Surgiram dois nomes e coube ao meu pai escolher qual deles batizaria a praça.

Após uma consulta com o Dr. Wadih Helú foi escolhido o nome de uma grande deputado que dedicou anos de sua vida à sociedade paulistana, o Deputado Horácio Ortiz, vulgo vovô da lacraia

Fica então registrada a homenagem da família Helú à família Ortiz Meinberg.

ABS a todos!

sábado, 23 de maio de 2009

A Caixa d’água da Vila do Encontro

Por Horácio Ortiz

Um caso interessante ocorrido no Jabaquara e resolvido através do empenho de seus moradores e da Sociedade Amigos do Jabaquara. Foi o caso da Caixa d’água da Vila do Encontro e Americanópolis. O bairro de Americanópolis e Vila do Encontro ficam nos pontos mais elevados da Zona Zul em distensão do Jabaquara. E realmente grande parte, os moradores tinham dificuldade porque a rede de água não dava altura suficiente para que as casas mais altas fossem servidas. Depois de muitos pedidos, requerimentos etc da Sociedade, a Sabesp resolveu construir uma caixa d’água, que é a caixa d’água que hoje existe na Avenida Armando Arruda Pereira, chamada Vila do Encontro. Depois de quase 02 anos de briga foi construída a caixa d’água. Terminada a construção, estavam todos interessados na inauguração e aconteceu um imprevisto. A caixa d’água ficava situada no cone de aproximação dos aviões que descem no Campo de Congonha na Zona Sul. Esse cone de aproximação é uma linha reta que surge com 30 graus da cabeceira do Aeroporto e com 30 graus não pode ter edifício nenhum abrangindo naquela altura. Deve ser totalmente livre. E a infeliz torre nossa da Vila do Encontro tinha sido construída acima da linha do cone de aproximação. Foi aquela tragédia. A decepção do bairro todo e ver o quê que iam fazer, se ia demolir. Resolvemos que ia demolir aquilo porque infringia os códigos da Aeronáutica e era um perigo para a descida das aeronaves. Eu fiquei pensando que, a caixa d’água tem uns 20 metros de altura e só três metros atingiu o cone de aproximação. Isso podia dar um jeito sem ser necessário derrubar toda a obra que levou tantos anos e custou tanto dinheiro, aquela torre enorme de concreto. Então eu consultei um amigo e grande engenheiro Paulo Lorena, que era especialista em concreto armado, e coordenador da Divisão de Estruturas do Instituto de Engenharia. Conversei com ele e perguntei se não tinha jeito de diminuir três metros. Ele disse que conforme a estrutura podia ser. E eu disse a ele que se conseguisse isso diminuiria uns 02 ou 03 anos de sacrifício daqueles bairros todos que não tinham água e pedi para ele dar uma olhada. Um dia fomos lá, levamos o engenheiro Paulo Lorena e ele falou:

- A caixa ficou bem acima dessas colunas e essas colunas são bem altas. Eu tenho a impressão que, vai ser uma ginástica, mas podemos tentar abaixar os três metros. A caixa que é o conjunto todo de concreto, a gente calçaria esse conjunto lá em cima e faríamos um cone na cabeceira dos pilares de sustentação  desses 03 metros e abaixaríamos com um macaco esse 03 metros para a caixa d’água ficar abaixo da linha de infração da Aeronáutica. Eu disse:

Ótimo. Vamos fazer um desenho desse negócio e vamos levar na Sabesp.

E assim foi feito. Ele fez um croqui e levamos na Diretoria da Sabesp. Eles não queriam saber daquilo, achando que era um absurdo e queriam demolir tudo. Eu falei que quem tinha feito o estudo era um Professor da Escola Politécnica, grande autoridade em concreto, grande engenheiro e tem mais autoridade do que qualquer calculistazinho da Sabesp. Ele é uma grande autoridade no assunto e isso vai economizar uns ou três anos na solução do problema. Conseguimos então, que o Diretor Geral se sensibilizasse com o problema, naquele tempo nem era Sabesp, era Departamento de Águas e Esgotos – DAE. Ele estudou o croqui do eng. Paulo Lorena, resolveu fazer e colocou em concorrência o rebaixamento do (platô?) da caixa d’água. A caixa d’água em si deveria ser rebaixada com macacos e os pilares seriam recortados em 03 metros. Pôs a concorrência e eu estava lá quase todos os dias o andamento da obra. Depois de uns dois ou três meses, foi rebaixada e ficou no nível que a nossa digníssima Aeronáutica exigia. Foi assim que a nossa caixa d’água da Vila do Encontro foi salva e fio colocada nos termos da Aeronáutica. 

O Grupo Escolar Ângelo Mendes de Almeida

Por Horácio Ortiz

O Grupo Escolar Ângelo Mendes de Almeida, estava com construído atrás da garagem de ônibus do Jabaquara. Era um terreno municipal e o Prestes Maia construiu aquele grupo escolar. Estava pronta a praticamente um ano e aquele tempo no Jabaquara não tinha a rede de água em todas as ruas, isso mais ou menos em 1957, e o Ginásio estava pronto mas não podia funcionar porque não tinha água. O Ginásio funcionava num terreno com uns barracões de madeira, provisório, na Rua Vinte Sete, uma das travessas do Jabaquara. Era um problema porque lá tinha quase 300 alunos naqueles barracões, com o Ginásio pronto. Em reunião da Sociedade Amigos do Jabaquara resolvemos tomar alguma providência, e ficava difícil porque o problema era que a rede de água não passava lá. Um dia conversando com um funcionário da CMTC ele me falou que a Garagem da CMTC tinha um poço artesiano, e eu não sabia disso. Aí eu pensei: ótimo acabou a desculpa de que não poderia mudar o grupo por causa da água. E a Sociedade através de ofício foi ao Prestes Maia e pediu a ele que através da CMTC fornecesse  água do poço artesiano para o Grupo Escolar Ângelo Mendes de Almeida. Imediatamente, dali uns 02 meses, nós fizemos uma mudança festiva dos barracões de madeira da Rua Vinte e Sete para o prédio novo. Além do trabalho ainda tive que tirar do meu bolso dinheiro para alugar o caminhão para carregar as carteiras. Foi uma festa e foi resolvido um problema seríssimo que era esse Grupo Escolar que era o maior do Jabaquara até poucos anos atrás. E foi uma conquista da Sociedade Amigos do Jabaquara. 

Sociedade Amigos do Jabaquara

Por Horácio Ortiz

Como disse, a primeira vez que fui a essa Sociedade foi a convite do Dr. Cícero Sinisgalli, conceituado médico naquela época, que tinha um simples escritório. Hoje, através de seu trabalho e dedicação de toda a sua família, seus filhos, ele possui um complexo hospitalar muito grande no Jabaquara, que se chama Hospital e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes. Os membros da Sociedade mantinha o Dr. Cícero Presidente e tinha vários trabalhadores, o Jorge Nassif que era um comerciante da Rua Jequitibás, o Alcides Leopoldo e Silva um advogado e contador, o Isidoro Machado um batalhador, o Bianchi, corretor de imóveis e o Toscano outro batalhador assíduo. Essa Diretoria era muita unida e desenvolveu muitos trabalhos importantes. Um caso divertido foi a reconquista, digamos assim, do prédio do Colégio Villalva, que hoje é o principal colégio.

Esse Colégio estava localizado na avenida Jorge ... num prédio alugado, impróprio, porque era ao lado de uma fábrica de tacos, de onde exalava um cheiro insuportável de queima de piche para uso no taco e apesar de ter 400 alunos, o prédio só tinha dois sanitários, um masculino e outro feminino. E era um problema terrível. E no governo Carvalho Pinto tinha sido construído um prédio novo na Rua Conceição, atual prédio novo do Colégio Villalva. Esse prédio tinha sido construído no fim do governo Carvalho Pinto e o governo Adhemar de Barros, que tinha assumido em seguida o governo do Estado, não quis inaugurar o prédio. Aliás eram dez colégios prontos mas que não estavam sendo ocupados por falta de pequenos serviços, como instalações elétricas, completar serviço de tacos etc. O caso do Colégio Villalva foi um caso típico. Todo o bairro precisava de um colégio novo, então a Sociedade de Amigos se reuniu e fez uma movimentação para exigir que o governo terminasse a obra para mudança. E foi uma luta tremenda, porque não sabíamos que lá seria um outro Colégio, o Colégio Duque de Caxias que estava locado no Brás e pretendia usar o prédio do Jabaquara. Foi uma luta política para saber quem tinha prioridade para utilizar aquele prédio. E com muita discussão e empenho junto ao Secretário da Educação e o Secretário de Obras, conseguimos vencer a parada que foi muito duro. O Secretário de Obras e Serviços na época, era o ........... Soares Penido, um amigo nosso, ele era o responsável pelos prédios da Capital. Pedimos uma Audiência com o Secretário Penido e fomos lá pedir para terminar o prédio porque precisávamos. Dali uns quinze dias ele veio dizendo que o Governo do Estado não tinha dinheiro, que não podia inaugurar, e nós não tivemos outra saída se não ameaçar, dizendo que de qualquer forma metade do prédio estava pronta e nós íamos invadir o prédio, sem terminar os serviços que estavam faltando. E foi um susto para o grande Soares Penido, futuramente tivemos outros contatos, trabalhamos juntos em obras do Estado. Dali uns quinze dias voltou assustado pedindo pelo amor de Deus para não fazermos aquilo porque íamos desmoralizar ele e o Adhemar de Barros estava louco da vida. Eu disse que então ele que resolvesse o nosso problema. Depois de um mês o Penido me telefonou dizendo que ia terminar a obra em 02 meses. E eu disse:

Então vamos marcar a inauguração do Colégio para daqui 90 dias.

Ele disse:

- Não para que marcar data?

E eu respondi:

- Se não marcar data você sabe como é. Empreiteiro fica empurrando com a barriga o negócio. 

Afinal, marcamos a inauguração do Colégio e naquele dia saímos em marcha desde a frente do Colégio, onde era o prédio antigo na Armando Arruda Pereira, quase de frente a Igreja Nossa Senhora das Graças, até o prédio da Rua Conceição, onde se localiza até hoje o Colégio.  

Foi uma grande festa e no dia da inauguração aconteceu um fato também divertido. Naturalmente queríamos dar uma certa solenidade ao ato da inauguração, e a Diretora me designou como Orador para fazer a saudação ao Adhemar de Barros e Autoridades presentes. Estávamos lá às 11horas da manhã, cheio de gente no saguão principal, eu puxei um lembrete do bolso, que não era muita coisa, era uma página mais ou menos. Comecei a fazer o discurso: - Excelentíssimo Senhor Governador, o povo do Jabaquara está muito agradecido por esta sua decisão histórica de concluir esse prédio que é importantíssimo e tal e fui andando. Dali a pouco eu vi o Adhemar começou a fazer uma cara feia, e pensei mas falta pouco, só meia página, e fui andando. O desgraçado do Adhemar parado falou para a Diretora:  - Olha o seu rapaz aí é um bom rapaz, fala muito bem, mas a história dele está muito comprida e não dá tempo. Eu vou ter que cair embora.     

E já foi saindo, dando um abraço para turma e foi embora.

Eu disse:

- Puxa vida, que cara mal educado. Depois de tanto sacrifício não pôde esperar o finzinho do discurso, que tinha uma caneladas que eu gostaria que ele ouvisse.

E o Adhemar foi embora e foi inaugurado o Colégio Villalva Junior que hoje é uma gratas obras que temos no Jabaquara.

Prestes Maia, o Grande Engenheiro e Prefeito

Por Horácio Ortiz

Prestes Maia foi um antigo engenheiro da Prefeitura, foi Diretor do Departamento de Urbanismo e autor de inúmeros projetos fundamentais para o desenvolvimento da Capital. Ele foi o autor de um plano chamado de “Grandes Avenidas”, em que ele planejou avenidas em todos os fundos de vale da Capital. Como por exemplo as Avenidas Nove de Julho e Vinte e Três de Maio, as avenidas dos bairros que tinham fundo de vale, que eram córregos praticamente abandonados. Esse projeto de Grandes Avenidas posteriormente ele, quando Prefeito, deu prosseguimento à implantação desse projeto. Um dos grandes planos do Prestes Maia, ele praticamente foi o autor de 80% do seu desenvolvimento, foi o das avenidas marginais ao Rio Tietê e ao Rio Pinheiros. No Rio Tietê, naquele período dele, existiam grandes meandros e inúmeras lagoas circundando aos rios. No período em que ele foi Prefeito ele fez o plano de retificação do Rio Tietê, inclusive construiu várias obras. As principais pontes do Rio Tietê forma executadas pelo grande Prestes Maia.

No final de seu mandato ele adoeceu, mas apesar de desenganado, ele tinha câncer, ele não abandonou o seu posto e deu uma enorme demonstração de coragem, de civismo, de dedicação e de amor à cidade de São Paulo. Fui testemunha desse esforço heróico. Fui visitá-lo junto com o Dr. Paulo Penteado Faria e Silva, que era Presidente da Sociedade Amigos da Cidade, fomos em comissão de Diretoria visitar o Prestes Maia que se encontrava num leito do Hospital Samaritano. Isso era praticamente no final de seu exercício. Já tinha havido eleição e tinha sido eleito o Faria Lima que era o seu sucessor. Mas Prestes Maia não passou a Prefeitura para o Vice-prefeito por motivos pessoais. Fomos visitá-lo e ficamos sinceramente comovidos e jamais esquecemos a cena dele na cama hospitalar recebendo soro, tendo ao lado duas cadeiras, totalmente cobertas de processos que seu Chefe de Gabinete levava para ele examinar e despachar. Para mim, como engenheiro e como cidadão, era incrível aquela demonstração de coragem cívica do grande Prefeito Prestes Maia. Ele pacientemente, enquanto conversava, via e despachava os processos. Ele despachava pessoalmente dezenas de processos. Aquilo me foi uma lição cívica para o resto da vida. O que a coragem, a força de espírito e a dedicação daquele homem, pelo cargo, pela responsabilidade que tinha e que ele conservava com o mínimo esforço que lhe restava, um esforço heróico para levar até o fim o seu período de exercício do cargo de Prefeito da Capital. Depois daquela visita ele durou pouco mais de um mês.  Isso é uma lição para todos, que aquele grande Prefeito Prestes Maia deu a São Paulo.