sábado, 23 de maio de 2009

A Caixa d’água da Vila do Encontro

Por Horácio Ortiz

Um caso interessante ocorrido no Jabaquara e resolvido através do empenho de seus moradores e da Sociedade Amigos do Jabaquara. Foi o caso da Caixa d’água da Vila do Encontro e Americanópolis. O bairro de Americanópolis e Vila do Encontro ficam nos pontos mais elevados da Zona Zul em distensão do Jabaquara. E realmente grande parte, os moradores tinham dificuldade porque a rede de água não dava altura suficiente para que as casas mais altas fossem servidas. Depois de muitos pedidos, requerimentos etc da Sociedade, a Sabesp resolveu construir uma caixa d’água, que é a caixa d’água que hoje existe na Avenida Armando Arruda Pereira, chamada Vila do Encontro. Depois de quase 02 anos de briga foi construída a caixa d’água. Terminada a construção, estavam todos interessados na inauguração e aconteceu um imprevisto. A caixa d’água ficava situada no cone de aproximação dos aviões que descem no Campo de Congonha na Zona Sul. Esse cone de aproximação é uma linha reta que surge com 30 graus da cabeceira do Aeroporto e com 30 graus não pode ter edifício nenhum abrangindo naquela altura. Deve ser totalmente livre. E a infeliz torre nossa da Vila do Encontro tinha sido construída acima da linha do cone de aproximação. Foi aquela tragédia. A decepção do bairro todo e ver o quê que iam fazer, se ia demolir. Resolvemos que ia demolir aquilo porque infringia os códigos da Aeronáutica e era um perigo para a descida das aeronaves. Eu fiquei pensando que, a caixa d’água tem uns 20 metros de altura e só três metros atingiu o cone de aproximação. Isso podia dar um jeito sem ser necessário derrubar toda a obra que levou tantos anos e custou tanto dinheiro, aquela torre enorme de concreto. Então eu consultei um amigo e grande engenheiro Paulo Lorena, que era especialista em concreto armado, e coordenador da Divisão de Estruturas do Instituto de Engenharia. Conversei com ele e perguntei se não tinha jeito de diminuir três metros. Ele disse que conforme a estrutura podia ser. E eu disse a ele que se conseguisse isso diminuiria uns 02 ou 03 anos de sacrifício daqueles bairros todos que não tinham água e pedi para ele dar uma olhada. Um dia fomos lá, levamos o engenheiro Paulo Lorena e ele falou:

- A caixa ficou bem acima dessas colunas e essas colunas são bem altas. Eu tenho a impressão que, vai ser uma ginástica, mas podemos tentar abaixar os três metros. A caixa que é o conjunto todo de concreto, a gente calçaria esse conjunto lá em cima e faríamos um cone na cabeceira dos pilares de sustentação  desses 03 metros e abaixaríamos com um macaco esse 03 metros para a caixa d’água ficar abaixo da linha de infração da Aeronáutica. Eu disse:

Ótimo. Vamos fazer um desenho desse negócio e vamos levar na Sabesp.

E assim foi feito. Ele fez um croqui e levamos na Diretoria da Sabesp. Eles não queriam saber daquilo, achando que era um absurdo e queriam demolir tudo. Eu falei que quem tinha feito o estudo era um Professor da Escola Politécnica, grande autoridade em concreto, grande engenheiro e tem mais autoridade do que qualquer calculistazinho da Sabesp. Ele é uma grande autoridade no assunto e isso vai economizar uns ou três anos na solução do problema. Conseguimos então, que o Diretor Geral se sensibilizasse com o problema, naquele tempo nem era Sabesp, era Departamento de Águas e Esgotos – DAE. Ele estudou o croqui do eng. Paulo Lorena, resolveu fazer e colocou em concorrência o rebaixamento do (platô?) da caixa d’água. A caixa d’água em si deveria ser rebaixada com macacos e os pilares seriam recortados em 03 metros. Pôs a concorrência e eu estava lá quase todos os dias o andamento da obra. Depois de uns dois ou três meses, foi rebaixada e ficou no nível que a nossa digníssima Aeronáutica exigia. Foi assim que a nossa caixa d’água da Vila do Encontro foi salva e fio colocada nos termos da Aeronáutica. 

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