Por Horácio Ortiz
Como disse, a primeira vez que fui a essa Sociedade foi a convite do Dr. Cícero Sinisgalli, conceituado médico naquela época, que tinha um simples escritório. Hoje, através de seu trabalho e dedicação de toda a sua família, seus filhos, ele possui um complexo hospitalar muito grande no Jabaquara, que se chama Hospital e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes. Os membros da Sociedade mantinha o Dr. Cícero Presidente e tinha vários trabalhadores, o Jorge Nassif que era um comerciante da Rua Jequitibás, o Alcides Leopoldo e Silva um advogado e contador, o Isidoro Machado um batalhador, o Bianchi, corretor de imóveis e o Toscano outro batalhador assíduo. Essa Diretoria era muita unida e desenvolveu muitos trabalhos importantes. Um caso divertido foi a reconquista, digamos assim, do prédio do Colégio Villalva, que hoje é o principal colégio.
Esse Colégio estava localizado na avenida Jorge ... num prédio alugado, impróprio, porque era ao lado de uma fábrica de tacos, de onde exalava um cheiro insuportável de queima de piche para uso no taco e apesar de ter 400 alunos, o prédio só tinha dois sanitários, um masculino e outro feminino. E era um problema terrível. E no governo Carvalho Pinto tinha sido construído um prédio novo na Rua Conceição, atual prédio novo do Colégio Villalva. Esse prédio tinha sido construído no fim do governo Carvalho Pinto e o governo Adhemar de Barros, que tinha assumido em seguida o governo do Estado, não quis inaugurar o prédio. Aliás eram dez colégios prontos mas que não estavam sendo ocupados por falta de pequenos serviços, como instalações elétricas, completar serviço de tacos etc. O caso do Colégio Villalva foi um caso típico. Todo o bairro precisava de um colégio novo, então a Sociedade de Amigos se reuniu e fez uma movimentação para exigir que o governo terminasse a obra para mudança. E foi uma luta tremenda, porque não sabíamos que lá seria um outro Colégio, o Colégio Duque de Caxias que estava locado no Brás e pretendia usar o prédio do Jabaquara. Foi uma luta política para saber quem tinha prioridade para utilizar aquele prédio. E com muita discussão e empenho junto ao Secretário da Educação e o Secretário de Obras, conseguimos vencer a parada que foi muito duro. O Secretário de Obras e Serviços na época, era o ........... Soares Penido, um amigo nosso, ele era o responsável pelos prédios da Capital. Pedimos uma Audiência com o Secretário Penido e fomos lá pedir para terminar o prédio porque precisávamos. Dali uns quinze dias ele veio dizendo que o Governo do Estado não tinha dinheiro, que não podia inaugurar, e nós não tivemos outra saída se não ameaçar, dizendo que de qualquer forma metade do prédio estava pronta e nós íamos invadir o prédio, sem terminar os serviços que estavam faltando. E foi um susto para o grande Soares Penido, futuramente tivemos outros contatos, trabalhamos juntos em obras do Estado. Dali uns quinze dias voltou assustado pedindo pelo amor de Deus para não fazermos aquilo porque íamos desmoralizar ele e o Adhemar de Barros estava louco da vida. Eu disse que então ele que resolvesse o nosso problema. Depois de um mês o Penido me telefonou dizendo que ia terminar a obra em 02 meses. E eu disse:
- Então vamos marcar a inauguração do Colégio para daqui 90 dias.
Ele disse:
- Não para que marcar data?
E eu respondi:
- Se não marcar data você sabe como é. Empreiteiro fica empurrando com a barriga o negócio.
Afinal, marcamos a inauguração do Colégio e naquele dia saímos em marcha desde a frente do Colégio, onde era o prédio antigo na Armando Arruda Pereira, quase de frente a Igreja Nossa Senhora das Graças, até o prédio da Rua Conceição, onde se localiza até hoje o Colégio.
Foi uma grande festa e no dia da inauguração aconteceu um fato também divertido. Naturalmente queríamos dar uma certa solenidade ao ato da inauguração, e a Diretora me designou como Orador para fazer a saudação ao Adhemar de Barros e Autoridades presentes. Estávamos lá às 11horas da manhã, cheio de gente no saguão principal, eu puxei um lembrete do bolso, que não era muita coisa, era uma página mais ou menos. Comecei a fazer o discurso: - Excelentíssimo Senhor Governador, o povo do Jabaquara está muito agradecido por esta sua decisão histórica de concluir esse prédio que é importantíssimo e tal e fui andando. Dali a pouco eu vi o Adhemar começou a fazer uma cara feia, e pensei mas falta pouco, só meia página, e fui andando. O desgraçado do Adhemar parado falou para a Diretora: - Olha o seu rapaz aí é um bom rapaz, fala muito bem, mas a história dele está muito comprida e não dá tempo. Eu vou ter que cair embora.
E já foi saindo, dando um abraço para turma e foi embora.
Eu disse:
- Puxa vida, que cara mal educado. Depois de tanto sacrifício não pôde esperar o finzinho do discurso, que tinha uma caneladas que eu gostaria que ele ouvisse.
E o Adhemar foi embora e foi inaugurado o Colégio Villalva Junior que hoje é uma gratas obras que temos no Jabaquara.
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